REBIMBA O MALHO

REBIMBA O MALHO

sexta-feira, 16 de julho de 2010

VONTADE DERRADEIRA

VONTADE DERRADEIRA

Quando desta vida me for
não chorem nem me dêem flores.
Numa campa rasa e sem cor,
eu descansarei minhas dores.

Ir de burro  e, gaitas tocai!
Foguetes  e muitas risotas...
E vós, os da estúrdia, cantai
com as desdentadas velhotas.

Hão-de ser modinhas brejeiras,
também as de amor pode ser,
e esqueçam as boas maneiras
p'ra um senhor quando morrer.

Tu coveiro, baila também,
faz da enxada tua parceira...
Que não fique quieto ninguém,
Haja festa p'la noite inteira.

Que venham lindas raparigas,
quando o dia já alvoreceu
e, tragam na boca cantigas,
em hora do que já morreu.


E tu padre, se quiseres vir,
Sê ligeiro nas tuas orações...
No final, também pode rir
e juntares-te aos foliões.

Quando todos já mui cansados,
desta grande e linda festança
e, em casa já instalados,
não esqueçam:encham a pança!


Por fim, em letras de mil cores,
escreve moça linda e leda:
-Aqui jaz o de mil amores,
por ele ninguém tenha pena-.


Como disse um grande poeta
numa grande sabedoria,
"a um morto nada se nega"
e eu, só peço que haja alegria.

CONDE DA GARDUNHA