REBIMBA O MALHO

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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A MISSA DO GALO

A MISSA DO GALO

A Proveniência do nome Missa do Galo, não se sabe ao certo de onde vem. Há opiniões que divergem embora convergindo num ponto: O galináceo está sempre presente em todas as teses.
Existe uma lenda que nos conta que numa véspera de Natal, o galo cantou à meia-noite anunciando o nascimento do Menino Jesus. Outra fonte diz-nos que a missa terminava bastante tarde e os fieis quando regressavam a casa, os galos já cantavam.
Outros dizem que o nome teve origem por Jesus ser considerado o sol nascente e que nos visitou para dar luz à escuridão. Por isso é que em muitas igrejas têm ainda um galo nos campanários representado a luz Divina. O galo caracteriza o nascer do sol e, o seu canto simboliza o amanhecer ou a luz. Sabe-se todavia, que esta missa celebrou-se pela primeira vez no ano 300.

Gostei sempre de assistir a esta missa talvez pela hora que é celebrada ou talvez pela magia daquela noite maior.
A Missa do Galo era, naquele tempo, fértil em peripécias, tornava-se mesmo difícil conter o riso por serem tão caricatas. Não se tratava de cenas maldosas nem carecidas de respeito. Se aconteciam, a culpa era da alegria transbordando dos corações estimulada porventura pela bebida ingerida à volta da fogueira.
Do que estava sempre à espera, era dos cânticos em louvor ao Menino. Enquanto as fieis devotas chegavam ao fim do cântico no tempo devido, os fiéis devotos iam só pelo meio. O hino saía numa cadência lenta e arrastado embalado quiçá em hálitos etílicos. Os outros participantes esperavam pacientemente que a última voz penosamente chegasse ao fim com reprovação estampada na cara do prior.
O que de facto tinha maior relevância era que todos louvavam e festejavam o nascimento de Jesus, fosse em compasso binário ou quaternário.
Nesta missa, é hábito dar a beijar a imagem do Menino e, eu, menino de Capela-Mor, ia observando todo o cerimonial. Os fiéis subiam pela coxia central e desciam pelas laterais. Enquanto uns beijavam sem tocar na imagem, outras porém, principalmente os mais idosos que de lábios arrepanhados beijavam ali mesmo de chapa aquele corpinho róseo que era um regalo. Beijo molhado e sonoro como a querer mostrar ao Redentor o quanto gostavam Dele.
Depois do “IDE EM PAZ E QUE O SENHOR VOS ACOMPANHE” que na altura era dito em latim, os homens agrupavam-se de novo em volta do brasido até começarem a debandar para as suas casas onde para alguns, os esperava a ceia. A Ceia de Natal ou Consoada. Importava fazer jus aos pitéus tradicionais desta festa que as mulheres incansáveis tinham confeccionado.
Outros havia, os menos afortunados, que quando ultrapassavam a porta da sua casa metiam-se na cama entre lençóis húmidos e frios. Em vez da consoada uma lágrima escorria pelo rosto.


Conde da Gardunha

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