REBIMBA O MALHO

REBIMBA O MALHO

sábado, 26 de março de 2011

PORTUGAL ATOLADO ( II )

PORTUGAL ATOLADO ( II )  

Então o senhor Pinto de Sousa, engenheiro relativo, lá levou com a tábua no rabo o que aliás, já devia ter acontecido há muito. Arre, que estava difícil de o homem ser apeado e ir arejar para outros horizontes. Por mim ia para a terra dele, os seus conterrâneos que o aturassem por lá e nos desamparasse a loja. Coveiro de má memória que conseguiu enterrar uma nação. É obra!
     Ontem, enchi-me de coragem e estive em frente da televisão, desde de depois do almoço até conhecer o resultado da votação. Confesso que foi uma estopada à qual resisti estoicamente.
     Valeu a pena? Direi que sim e por duas razões: a primeira para ver um loroteiro com o maior descaramento que há memória na história recente, a ter uma saída de sendeiro quando ainda há dias tinha entradas de leão. A segunda razão foi para mais acentuar o conceito que já tinha formado há muito sobre a política e os políticos.
     O que assisti ontem, deixou-me com um travo amargo e, até com asco e vergonha de todos aqueles palradores mais parecidas com as comadres desavindas e, os contribuintes a pagarem para toda aquela verborreia.
     Toda a oposição fez o papel que lhe competia e que todos esperavam. Unidos, chumbaram o documento que estava em discussão o tal Plano de Estabilidade e Crescimento  (PEC) sendo este já o nº.4 sabendo-se à partida que a  não ser viabilizado levaria à demissão de um primeiro-ministro inepto, vaidoso e autista.
     Até aqui, meus senhores apoiado! O povo consciente, aqueles que pelas circunstâncias impostas se encontram à rasca, tiram-vos o chapéu e muito reconhecidos ficam. Contudo, a oposição não se contentou somente em chumbar o documento já que entrou no campo do achincalho dardejando a torto e a direito com acusações mútuas pretendendo apurar responsabilidades.
     Ora, se o plenário tinha conhecimento de antemão qual seria o desfecho do acto pelo qual estavam reunidos, podiam – penso eu – guardar os ataques e contra ataques para os tempos próximos poupando-se assim muito tempo em falácias. Apercebi-me que os homens não perderam tempo e entraram de supetão em campanha eleitoral. Fez-me lembrar aqueles herdeiros que se agridem pela posse da herança com o morto ainda em casa.
     A bola está agora do lado do Presidente da República que tem poderes legais para jogar com algumas situações e que passam pela dissolução da Assembleia da República e convocar eleições que será a mais provável mas, também pode mantê-la e pedir ao partido mais votado o PS para nomear novo primeiro-ministro e ainda, nomear um governo presidencial.
     Em suma, a população, no caso mais provável, deverá ser chamada para votar para o fim de Maio ou princípio de Junho.
     Bem, como deixou o país o agora demissionário Zé Pinto de Sousa? Não esquecendo todavia, 0 seu ministro das Finanças porque este, também foi um agente activo a contribuir para a hecatombe que vitimou todos os portugueses.
     O país não está a produzir o suficiente sequer para pagar os juros da dívida que temos presentemente, uma vez que continuamos por esse mundo à procura de quem nos queira comprar mais uma fatia da dívida mesmo pagando um juro de quase 8,5%. Para já, sabemos que nos próximos 10 anos Portugal terá que pagar 90 mil milhões de euros e em Junho próximo disponibilizaremos 5 mil milhões de euros e resta dizer que a dívida total segundo dizem é de  130 mil milhões de euros porque ao certo ninguém sabe. Acudam-nos,  isto é demasiada areia para a nossa camioneta.
     Se é inevitável a entrada do FMI como fez a Grécia e a Irlanda porque não se pediu ajuda há mais tempo evitando-se assim os juros tão altos? Para aonde ele nos queria levar? Numa das minhas crónicas dizia que a nossa situação se agravaria ainda mais. Pois bem, agora estou mais convicto disso.
      Há dias, o deputado comunista Jerónimo de Sousa dizia numa entrevista que Portugal estava a afundar-se. Concordo plenamente com ele neste aspecto uma vez que a minha convicção é que esta barcaça ainda não bateu com o casco bem no fundo. Quando isso acontecer,  possivelmente as pessoas que representam ainda 30% dos apoiantes deste governo demissionário, é que acordarão dessa letargia mas, possivelmente será um despertar para uma realidade demasiada amarga.
     A partir de agora, abriu-se um novo capítulo mas, desengane-se todo aquele se pensar que só por haver troca de caras ou nova maneira de fazer politica, a situação vai melhorar com um passe mágico porque não será isso infelizmente que irá acontecer. Os que foram agora corridos, deixaram o país demasiado doente e, oxalá que quem vier, o envie para os cuidados intensivos e empregue todos os esforços para não o deixar sucumbir.
     Entretanto o povo, aquele que é sempre vergastado e espoliado, resta-lhe fazer contas à vida e dela mal dizer.  O pior, o que me faz confusão, é que muito deste povo está contido nos tais 30% que apoiam o governo sacudido.
     Estará mesmo certa aquela frase demasiado ouvida que diz que cada povo tem o governo que merece? Se assim é resta-nos cumprir então o nosso fadário.
     E como não podia ser de outra maneira, para todos os que nos meteram neste buraco… REBIMBA O MALHO

Conde da Gardunha