REBIMBA O MALHO

REBIMBA O MALHO

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

AGRADECIMENTO

AGRADECIMENTO

O blog "REBIMBA O MALHO" apareceu precisamente há 8 meses. Nasceu, como o seu próprio nome indica, para malhar em tudo o que estiver mal. Dedicou-se mais em malhar na escória que atirou o nosso país para a sarjeta. Teve boa aceitação felizmente e, a prová-lo, está no número de visitas, uma média de quatrocentas por mês o que me dá mais ânimo para prosseguir nesta minha cruzada.
   Regozijo-me por ver que as pessoas não estão alheadas pela maneira como fomos governados. Os governos sucessivos que mais engenho não tiveram do que atirarem-nos para um fosso do qual não sairemos nos anos mais próximos.
   Não adianta darmos as boas vindas ao ano que vem quando todos sabemos que só trará mais desemprego, mais fome e porventura até convulsões sociais porque sem querer fazer futurologia, vai ser um  ano negro para os portugueses.
   Meus amigos, fomos desde há muito governados por aprendizes  sem um líder e, como sabemos, toda a aprendizagem tem os seus custos só que estes, lesam dez milhões de seres.
   Mas, hoje o meu propósito não é que o malho rebimbe é sim, do fundo do coração e por dever fazer uns agradecimentos. Em primeiro lugar agradecer a todos aqueles que tiveram a gentileza de lerem as minhas crónicas, depois, para aqueles que as leram e deixaram os seus comentários, sempre muito úteis e, por último, um agradecimento especial para os amigos que se fidelizaram e são seguidores destes escritos.
   Para todos o meu muito bem-haja e desejo sinceramente que o ano de 2011 seja pródigo em saúde e que o infortúnio fique o mais arredado possivel das vossas vidas.      

Conde da Gardunha

domingo, 26 de dezembro de 2010

POESIA - DÚVIDAS


-  Diz-me mãe, mas por favor
sê vera. Porque nasci?
-  Por vontade do Senhor,
filho, por isso sorri.


- E quem é esse senhor
mãe que nunca o sonheci?
- È Luz, Perdão e Amor,
filho, por isso sorri.


-  Mãe, com que manto se cobre?
é feito de ouro e rubi?
-  Não, é como o nosso, de pobre,
filho, por isso sorri.


- Mãe, se por ele chamar,
vem correndo para aqui?
- Está aqui para te velar
filho, por isso sorri.


-  Mãe, se por Ele chamar,
vem correndo para aqui?
-  Está aqui para te velar,
filho, por isso sorri.


-  Se em todo o lado Ele mora,
sabe quanto já sofri...
-  É o Rei do amor, por ti chora,
filho, por isso sorri.


-  Mãe, se Ele é rei, tudo faz.
Dá vida e também dá a morte...
-  Sorri, filho, a morte é paz
e às vezes, a vida é má sorte.


- Tal Rei não quero aceitar
e nem saber quem O adora...
- Para sempre vais penar
meu filho, por isso chora!

sábado, 18 de dezembro de 2010

PASTORIL

PASTORIL

- Aonde vais linda pastora
Nesse teu passo apressado?
- Pedir a Nossa Senhora
Que me livre do pecado.

-Aonde vais linda pastora
Nesse teu passo ligeiro?
- Pedir a Nossa Senhora
Me livre do pegureiro.

- Aonde vais linda pastora
Nesse teu passo ensaiado?
- Pedir a Nossa Senhora
Saúde p'ra o meu amado.

- Aonde vais linda pastora
Nesse teu passo dolente?
- Pedir a Nossa Senhora
Novas de um amor ausente.

- Aonde vais linda pastora
Nesse passo decidido?
-  Pedir a Nossa Senhora
Que me ache o amor perdido.

- Linda pastora, aonde vais
Por essa estrada sem fim?
. Penar, abafar meus ais...
Ai Senhora, olhai por mim...

Uma luz resplandecente
Que ao pé dela apareceu
Envolveu-a brandamente
E levou-a para o Céu.

Conde da Gardunha

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PORTUGAL ATOLADO ( I )

PORTUGAL ATOLADO ( I ) 

Há já algum tempo - tempo demais - que não escrevia uma crónica para o meu blog e, foi um bom amigo quem me alertou perguntando qual o motivo.
        Pois bem, o motivo desta pausa deveu-se ao facto de andar abismado e até incrédulo com as más notícias que me vão chegando em catadupa e que me deixam exausto, oprimido e deveras envergonhado. Vergonha, pelo estado que puseram o meu país. O tal orgulho antigo de ser português, esfuma-se volatiliza-se e mais, quando constato que nos puseram de gatas oferecendo as nossas intimidades à mercê da concupiscência de quem nada tem a ver com a Portugalidade.
        Quando faltam alternativas, quando já nada temos e o desespero assalta, até a honra se vende.
       Que miséria a tua Portugal! Foste vilipendiado e arremessado a um pântano pútrido. Já tiveste glória, foste andarilho, descobriste novos mundos que os deste ao mundo, foste respeitado e temido. E agora? Não passas de um pedinte que estendes a mão velha e trémula a quem passa, na esperança vã de uma ajuda para que não faleças à míngua. Olham-te de esguelha desconfiados, como se estivesses impregnado de doença altamente contagiosa. Levaram-te ao completo descrédito.
       De rei, passaste a um inglório peão de cerviz curvada e subserviente graças à tua côrte incompetente, maldosa, corrupta, estúpida e imoral, uma choldra que se a história dela falar, ficará marcada como a côrte abjecta.
        De tal maneira estás exaurido devido à ganância desmesurada da corja, que já nem o alimento básico tens para os teus filhos. Há já muitos deles que passam um dia por semana sem terem côdea para rilhar. Há famílias em desespero por não conseguirem um trabalho; são já 600 Mil por enquanto e, há quem diga que são muitos mais.
        Oiço falar constantemente da crise internacional e pouco ou nada dos que contribuíram para a crise nacional.
       Ai Portugal, Portugal! Quem te havia de dizer que no limiar dos nove séculos de história havias de ter como governante um engenheiro relativo que além de também ser filho de Geppetto é inconsciente, altivo, vaidoso, INCOMPETENTE, insensível, zarolho e tão teimoso ao ponto de não se calar de vez com as construções faraónicas como o tão propalado  e para ele tão imprescindível TGV, passando-lhe ao lado contudo, a dívida astronómica com a procissão ainda em marcha. O pior, ainda está para vir.
      Como foi possível terem escolhido um inepto para te governar? Como é possível um engenheiro relativo e ainda por cima ignorante das coisas de estado continuar a desgovernar-te sacrificando os teus filhos? E o que dizer destes - muitos ainda - que ao em teimar apoiá-lo se tornam também coniventes da tua desgraça? Lamento que a fome e a dor não seja exclusivamente  deles.
        A ignorância é muito atrevida - frase dita e redita pelo meu pai - e assim é de facto. Continua a haver muita gente que vêem nos partidos políticos como se de um clube de futebol de tratasse. Quem nasce benfiquista ou de outro clube qualquer, sê-lo-à para toda a vida só que na politica está em jogo a sobrevivência de uma nação e o bem estar das pessoas. É por isso que  devemos ser por quem menos mal nos trate; por quem distribua mais e nos explore menos; por quem zele pela saúde de cada um e não nos atire para as listas do esquecimento; por quem nos dê o saber e não diplomas de ignorância; por quem nos informe da realidade e não distribua quimeras; por quem de facto seja competente e não nos encha de vergonha; por quem seja patriota e que saiba transmitir-nos o amor à pátria; por quem seja parco na retórica e pródigo nas iniciativas a fim de não sermos obrigados a ouvir constantemente alarvices  e  todos podermos contribuir para a concretização das suas ideias e, finalmente, por quem saiba ouvir a razão e não nos arraste para o atoleiro.
          Para quem atolou o meu país e nos atolou a todos: REBIMBA O MALHO

CONDE DA GARDUNHA

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

FAZER ANOS

FAZER ANOS                                                                                                                                        

Sessenta anos!

Sete décadas já vivi...
Como passaram?! Nem as senti...
É uma bonita idade - costumam dizer -.
E quantos mais o triste fizer,
Maiores são os encómios.
Fodam-se os cretinos fazedores de ódios
Que tais aleivosias da gorja vão vomitando.
Calem-se ó arautos do desmando,
Do fingimento e do cinismo. Emudecei!
Para estes ignotos, Deus, Vosso olhar volvei,
Diz-lhes que fazer anos é envelhecer,
É a luz do existir a esmorecer,
É o corpo e a mente a caducar,
É a mente a pedir e o corpo a escusar,
Ou o corpo num clamor e a mente a destrambelhar,
É o desejo ardente e já não poder,
É ter tudo e o tudo já nada valer,
É a oferta de um corpo desnudo
Que por falta de viço ficar tartamudo.
Ter setenta, oitenta ou mais é bonita idade?
Então quero chamar-vos à puridade
E dizer-vos ó pérfidos indigentes da moral:
Fazer anos? É uma MERDA e ponto final.


Conde da Gardunha

domingo, 22 de agosto de 2010

UMA FÁBULA

UMA FÁBULA

Jesus Cristo tirou-se dos seus cuidados e tornou à Terra. Correu Seca e Meca confortando uns aqui, curando as maleitas de outros ali e, sempre na sua bonomia ia aliviando dos seus males a humanidade com a qual contactava.
Uma manhã calma e serena com o céu de um azul virginal como se fora o dia primeiro da sua criação, caminhava Ele, numa estrada poeirenta e pedregosa, cismando sobre a conduta vil da criatura humana. São as piores de todo o reino animal - pensava ele-.
Caminhou longo tempo e pensando já, o que diria aos outros 2/3 de si mesmo quando subisse à Sua mansão celestial.
Numa curva do caminho ouviu soluços e lamentos. Olhou em redor e viu que sentado numa rocha altaneira, estava um homem desgrenhado, sem carnes e, as suas vestes, mal lhe tapavam a nudez. Será mais um desafortunado - pensou Jesus - mas, como era seu dever, escalou o monte e sentou-se ao lado daquele infeliz.
Cristo, colocou Seu braço por cima dos ombros daquele ser sofredor e perguntou:- Homem, por que choras? O mísero olhou aqueles olhos piedosos e respondeu: - Senhor, eu choro pela desgraça que tive de nascer em Portugal.
O Redentor aconchegou-o para Si e chorou também. Por fim, Jesus limpou  as suas lágrimas à cota da mão e falou: - Curei muitos males do corpo e da alma, substituí tristezas por alegrias, mas para o teu mal só tu o podes resolver. De ti fizeram uma alimária de carrego e vais consentindo sempre mais fardos  e jamais te livrarás deles, sequer os teus filhos e talvez nem teus netos, se não fizeres como as criaturas irracionais,  que levantam os quartos traseiros e disparam um par de coices derribando a pesada carga.. Senhor que não respeite todo aquele que se esforça e que dá  o seu suor, não merece respeito.
Cristo à medida que se ia levantando ia dizendo: - Se quiseres a felicidade, conquista-a lutando. Se os teus amos não reconhecem o teu sacrifício e se em vez disso te onerarem ainda mais, renega-os e escolhe outros. Atenta bem no que te disse.
Desceu Jesus o monte e retomou o seu caminho ao mesmo tempo que ia monologando:- Este povo sempre tão abnegado  e cumpridor merecia outra sorte, tomasse ele o meu exemplo quando à chibatada expulsei do templo os vendilhões, talvez  tivesse agora mais alegria e maiores proventos.

Para todos os senhores que desprezam o suor do trabalho insano dos seus servos... REBIMBA O MALHO.

CONDE DA GARDUNHA

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

COM A VERDADE ME ENGANAS

COM A VERDADE ME ENGANAS

A crónica de hoje sai um pouco do âmbito do "REBIMBA O MALHO" já que o malho não vai rebimbar. Ela vai direccionada mais para os homens, esses seres tantas vezes incompreendidos.
Ás senhoras peço que me perdoem e fica desde já a promessa, que numa próxima crónica render-lhes a devida homenagem.
Todos nós, homens, já constatámos que para elas somos todos iguais, todos aprendemos pela mesma cartilha. Será mesmo assim? Acho uma avaliação demasiado redutora.
Depois entre elas também têm um ponto em comum: nunca lhes damos a atenção que pensam serem merecedoras. É precisamente sobre esta questão fulcral que gostaria de deixar alguns pareceres a fim de evitarmos tantas recriminações.
Meus amigos, gostavam de ver as vossas mulherzinhas cheias de felicidade a deitarem-vos olhinhos lânguidos e sorrisos transbordantes de amor? É tão fácil! Mais fácil do que dar a mamadeira a um bebé. Tomem pois estes conselhos:
- Que não passe um dia sequer sem que lhes digam com um ar apaixonado que as amam, mesmo que a paixão já tenha esmorecido e o amor esteja em vias disso.
- Beijá-la é importantissimo. Beijinho logo ao acordar (a partilha do mau hálito) com um bom dia amor. À tarde, depois de um dia de trabalho fastidioso, lá vai outro e não esqueçam de perguntar com voz melada se está muito cansadinha. E à noite já no leito conjugal, durante e  depois de cumprida a obrigação, se ela não declarar uma terrivel enxaqueca.
- Não descurem em afirmar e reafirmar que é e sempre  será, a mulher da vossa vida.
-Façam-lhe crer que sem ela a vida jamais teria interesse, não saberiam já viver sem a sua presença.
- Que quando vêem a boazona da vizinha digam que nem sequer reparam, por que só ela é graciosa, só ela tem aquele olhar tão meigo e só ela sabe ter aquele andar sexy.
- Enalteçam sempre a confecção das refeições, mesmo aquelas intragáveis. Façam o favor de as engolir  de sorriso afivelado como saboreassem um manjar divinal. É expressamente desaconselhável esboçar o mais leve esgar de desagrado.
- Nunca, mas mesmo nunca, a comparem de forma negativa com outras mulheres e menos ainda, dizer mal da sua mãezinha que é por tabela a nossa santa sogra.
- Levem-na a passear de preferência de mãos dadas, mesmo que a transpiração vos incomode.
- Se porventura, o vosso anjo em algum momento se altercar, amigos, mantenham a calma, tratem-nas com carinho, usem palavras meigas, falem num tom baixo por que ela aos poucos vai baixando os decibeis. Quando voltar ao seu estado normal, o beijo carinhoso actuará como bálsamo e apaziguá-la -à.
Muitos dos que me lêem dirão: - Era o que faltava! Este gajo é parvo! Talvez não o seja tanto assim. - digo eu -. Sempre ouvi dizer que, se não podes com elas junta-te a elas. E c'os diabos, elas gostam, deliram e suspiram por estas minudências.
É verdade que podemos ter atitudes menos machistas ou que aos olhos de muitos não passemos de subjugados e de uns pobres coitados, mas o que vale isso quando olhamos para o rosto da nossa metade e o vemos resplandecente de felicidade? O que vale isso, diante de um pecadilho aqui, outro ali, à revelia das nossas tão amadas esposas?
Chegado aqui, recordo um caso que ao tempo foi embaraçoso, mas que distanciado no tempo acho-o agora delirante. O protagonista desta história foi o meu amigo Manuel R. O Manel é a descontracção personaficada. Desde que esteve em comissão na guerra de Angola como oficial miliciano, tomou o gosto acérrimo pelas mulheres africanas. Era o pecadilho dele.
Houve uma altura que eu e um grupo de amigos entre eles o Manel  reuniamo-nos sempre no mesmo restaurante, para o almoço. A refeição decorria sempre com tão boa disposição ao ponto de outros clientes procurarem mesa perto das nossas que estavam sempre reservadas.
Pois bem, o bom do Manel, sempre que aparecia com uma mulata tinha o cuidado de se instalar o mais afastado possivel, para evitar que algum de nós lhe dirigisse algo menos formal.
Um dia, o Manel surprendeu-nos ao levar a sua mulher e, antes das apresentações disse com a maior desfaçatez: - Para que vocês não digam que só trago aqui as minhas amantes, hoje trago a minha mulher. Momentâneamente o grupo ficou atónito. Quebrei aquele "encanto" com uma gargalhada bem audível como se quisesse dizer à senhora que ele seria incapaz de tal coisa.
No dia seguinte, prendi-o amigavelmente pelo braço e a meia voz disse-lhe: - Ó Manel, com a verdade me enganas!
Ele riu com um riso que só é dado a um homem que está de bem com o mundo e com todos os seres que nele habitam.

CONDE DA GARDUNHA

sexta-feira, 16 de julho de 2010

VONTADE DERRADEIRA

VONTADE DERRADEIRA

Quando desta vida me for
não chorem nem me dêem flores.
Numa campa rasa e sem cor,
eu descansarei minhas dores.

Ir de burro  e, gaitas tocai!
Foguetes  e muitas risotas...
E vós, os da estúrdia, cantai
com as desdentadas velhotas.

Hão-de ser modinhas brejeiras,
também as de amor pode ser,
e esqueçam as boas maneiras
p'ra um senhor quando morrer.

Tu coveiro, baila também,
faz da enxada tua parceira...
Que não fique quieto ninguém,
Haja festa p'la noite inteira.

Que venham lindas raparigas,
quando o dia já alvoreceu
e, tragam na boca cantigas,
em hora do que já morreu.


E tu padre, se quiseres vir,
Sê ligeiro nas tuas orações...
No final, também pode rir
e juntares-te aos foliões.

Quando todos já mui cansados,
desta grande e linda festança
e, em casa já instalados,
não esqueçam:encham a pança!


Por fim, em letras de mil cores,
escreve moça linda e leda:
-Aqui jaz o de mil amores,
por ele ninguém tenha pena-.


Como disse um grande poeta
numa grande sabedoria,
"a um morto nada se nega"
e eu, só peço que haja alegria.

CONDE DA GARDUNHA

segunda-feira, 14 de junho de 2010

INDIGNAÇÃO

INDIGNAÇÃO


No jornal que leio diariamente,veio há dias uma notícia que me deixou deveras indignado. 
Noticiava que um jogador de futebol que acode pelo nome de Nani, no percurso de uma sua viagem deparou-se a páginas tantas, com uma fila de trânsito.Julgam que o rapaz se comportou como qualquer outro cidadão? Em vez disso, qual "Chico Esperto", não esteve com meias aquelas. Achando que não passavam de uns "nabos" e inábeis todos aqueles que pacientemente aguardavam que a fila fosse progredindo, ei-lo que desprovido de civismo aí vai, quiçá sorridente, pela berma da auto-estrada, via esta que como todos sabemos, destinada a ambulâncias e autoridade policial. 
Não seria talvez motivo, para uma crónica, se o nosso herói não tivesse sido interceptado por uma brigada. É precisamente no que se vai seguir que reside a minha maior indignação. 
Depois de parado e identificado o que fizeram ao espertalhão? Nada, absolutamente nada meus amigos; nem sequer foi feito expediente da operação. Foi assim mandado em paz e, digo eu, com alguma palmadinha nas costas. Por esta infracção incorria numa coima entre 60 e 300 euros e numa pena de inibição de condução entre 2 a 24 meses e vai-se a ver... "águas de bacalhau". 
Neste país o saber dar dois pontapés na bola tem as suas compensações não falando já nos ordenados milionários, mas isso são contas de outro rosário.
Agora ponhamos o caso em cada um de nós e quando digo nós são todos aqueles sem fama e que eventualmente só teremos honras se viermos no jornal com a nossa fotografia encimada por uma cruz negra.
Se este caso nos tivesse acontecido, estaríamos agora com toda a certeza a lamentar a sangria que a autoridade tinha feito à nossa carteira e o popó arrumadinho na garagem ou encostadinho a um passeio.
Se não é mal perguntar, afinal quem é este Nani que o colocaram altaneiro mirando a lei de cima?
Porém, esta crónica serve também e principalmente  para evidenciar o meu desagrado legítimo, para com a patrulha do Destacamento de Trânsito. Então meus senhores jogam com dois pesos e duas medidas? Quando à moralidade não comem todos? Tenho dois exemplos recentes com dois familiares em que os senhores não foram complacentes. Também, verdade seja dita, eles não sabiam jogar futebol.
Porque muito mal andou esta patrulha...
REBIMBA O MALHO!


CONDE DA GARDUNHA

terça-feira, 25 de maio de 2010

BEIJO ROUBADO

BEIJO ROUBADO

SE QUERES O FRUTO MAIS SABOROSO,
ROUBA-O DA BOCA DE UMA MULHER.
UM BEIJO ROUBADO, POR MAIS CUSTOSO,
MEU DEUS, SABE MELHOR QUE OUTRO QUALQUER.


CONDE DA GARDUNHA.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

UM CONDISCIPULO

UM CONDISCÍPULO

Na Instrução Primária tive um condiscípulo que me deixou marcas indeléveis, apesar de tantos anos já decorridos. Não há visita que faça ao passado que não me apareça a figura daquela criança com olhar triste estampado numa cara magra e sofredora. Entrava na escola quase sempre depois da aula já ter começado. O professor  invectivava-o sem que antes procurasse saber o motivo e, ele recebia as admoestações sempre de cabeça baixa, de olhos marejados e de corpito numa tremura.
Em casa deste meu colega, não deveria haver sequer o essencial, para sustento do agregado familiar e, além disso, tinha tarefas a cumprir impostas pelos pais. Não gozava das brincadeiras como todos os outros da sua idade. O tempo era para guardar os irmãos mais novos.
Era no Inverno que esta alma mais sofria como acontece, aliás, com todos os desafortunados.
Naquele tempo, a Panasqueira era assolada pelos mais duros e medonhos invernos. As ventanias ululantes açoitavam as chuvas copiosas; o frio cortante enregelava os corpos e encaramelava a terra - o códão - e os nevões sempre deslumbtantes que se alegravam alguns, entristeciam muitos mais.
Neste dias entrava na escola transido. A cobri-lo tinha uma camisa leve com as mangas abotoadas acima dos pulsos e, as calças de fazenda fina e puída terminavam na meia canela. Uma saca de serapilheira na forma de capucho que lhe cobria a cabeça e descia pelas costas, era o único abafo com que enfrentava os temporais.
A água da chuva escorria-lhe dos cabelitos curtos; as faces eram ruborizadas pela acção do frio; o muco nasal escorria terminando no limite do lábio superior e os pés, meu Deus... Nuinhos!
Depois de retirar o resguardo de pobre, sentava-se no banco da sua carteira, a última da fila, - as últimas carteiras eram destinadas aos que não tinham grande aproveitamento escolar - com a roupa colada ao corpo.
O professor, omnipotente, falho de humanidade, abordava-o e, em vez de o dirigir para junto da fonte de calor que a escola possuia, a fim de o aquecer e secar, em vez disso, apodava-o de... "o Ranhosito"! Os seus companheiros, para mostrarem agrado e cairem nas graças do mestre, riam. E tantas foram as vezes, que a alcunha pegou e, para sempre carregou com esse estigma.
Chamava-se como eu  mas quem se lembrará hoje deste ser, com o seu verdadeiro nome? Talvez poucos ou ninguém. Porém, aos do nosso tempo, se perguntarem pelo Ranhosito, aí sim, muitos com certeza se lembrarão.
Teve, ou melhor tivemos, a pouca sorte de nos calhar um professor deste jaez que renegou a protecção, a amizade, a paternidade, para em vez disso, achincalhar a pobreza e a humildade, e o mais grave, alcunhar uma criança que o único "pecado" possivel era o de ser pobre.
Este condiscípulo, tão tenro de idade, tão franzino de corpo e, já tão ajoujado pelo peso da vida.
É pela atitude deste professor - Armando de seu nome - e por todos aqueles destituídos de humanidade, para com o próximo, que com gana..
. REBIMBA O MALHO!


Conde da Gardunha

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O ZÉ POVINHO, DE FIO DENTAL

O ZÉ POVINHO, DE FIO DENTAL

O Zé Povinho deixou a Tanga, para envergar o Fio Dental e sabem os meus amigos porquê? Porque já não há portugueses com tomates e, não os havendo, qualquer fio dental serve para tapar as hipotéticas vergonhas.
Prepara-se este governo que será inevitavelmente o de "MÁ MEMÓRIA", para zurzir e imolar este povo sofredor. Eis, que ele aí vem de machado em riste a fim de golpear o subsídio de Natal, aumentar a taxa do IVA em mais 2 pontos e sabe-se lá o que mais preparam. Aqui, vem mesmo a talhe de foice o rifão: "Uns comem os figos e a outros rebentam-lhes a boca". Para que uns se fartem à tripa forra há outros que chucham num caroço.
A crise em que esta nau encalhou, não adviu somente pela tão propalada crise mundial, mas por culpa também dos maus timoneiros e principalmente pelos sugadores imorais que mamaram e continuam a mamar na teta que é alimentada por todos os contibuintes.
"Eles comem tudo e não deixam nada" dizia um mestre da balada e ele lá sabia porquê.
Que destino teriam estes mamões se ainda houvesse lusitanos com eles no sítio?
Não haverá suficientes motivos para que os mais necessitados fiquem revoltados até à medula quando vem ao conhecimento os rendimentos escandalosos de certos senhores? O governo "PINÓQUIANO" não terá mecanismos, para pôr cobro a estes desvarios? Não terá a capacidade moral, para suster a "tusa" destes gananciosos? Não sentirão o minimo de vergonha que devido à sua desmesurada ambição haja compatriotas a viverem contando até ao último cêntimo a fim de governarem a sua vida? Não sentirão o minimo de vergonha saberem que enquanto eles vivem em mansões, outros habitam casas com condições infra-humanas? Não sentirão a minima vergonha que enquanto eles pôem em bancos estrangeiros o muito dinheiro que lhes sobra, a maioria do pessoal sobra-lhes muito mês sem cheta? E, então agora, são os que nada contribuiram para esta hecatombe que vão sofrer nos seus magros rendimentos? Venham os portugueses de antanho, aqueles que os tinham no sítio, mostrar a esta geração, que não devemos ser como ovelhas mansas retidas no redil aguardando o golpe de misericórdia.
Criticava-se e ainda se critica os tempos do Dr. Salazar onde havia latifundiários. Distanciado desse tempo e vendo os tempos de hoje só me apeteceria rir a bandeiras despregadas não fora a situação trágica em que nos puseram. Ora, responda-me quem souber: Nos tempos em que vivemos esses senhores deixaram de existir? Pertencem já ao passado? Ou pelo contrário, quantos a mais haverá agora? No tempo da tão vilupendiada "DITADURA" com certeza que deveria haver corrupção, admito que sim. Mas tanta como nesta democracia? Isso tenho a certeza que não. A corrupção grassa despudoradamente neste que já fora um jardim à beira mar plantado, é um fartar vilanagem e, é por via deste desnorte, que o erário público tem sofrido uma erosão galopante. E, para o refazer quem encontram mais à mão? Os mesmos de sempre, os da classe baixa e média baixa, ou seja, os que auferem menos. Eles sabem como somos mansos que o diga o Sr Ministro das Finanças que afirmou:- Os portugueses não são violentos nas suas manifestações.
Foi para este estado de coisas que os senhores capitães fizeram a abrilada de 1974? Senhores oficiais, só apearam meia dúzia e montaram dezenas. Desataram-nos a boca, para podermos falar, e quantas haverá que se abrem para comer sem terem com quê?
Se foi só para isto, muito obrigado, mas não valia a pena V.Exªs. darem~se a tanto incómodo.
Por tudo o que foi dito, é com regalo que iço meus braços bem ao alto e, com força bruta... REBIMBA O MALHO!

Conde da Gardunha

sexta-feira, 30 de abril de 2010

MOMENTO DE POESIA

MOMENTO DE POESIA

Desta vida mal vivida,

Que outro viver não soube,
Não tive a sorte sorrida
Só aflições e ais me coube.

Naveguei contra procelas,

Feri meus pés no deserto,
Meu manto foram estrelas
E nunca o longe foi perto.

De água se vestem meus olhos

De negro meu coração
Vencem na vida os abrolhos.

E quanto caminho em vão

E quantas dores aos molhos
Alegrias?! Onde estão?

CONDE DA GARDUNHA