REBIMBA O MALHO

REBIMBA O MALHO

terça-feira, 30 de julho de 2013

AS AULAS COM A MINHA NETA

 AS AULAS COM A MINHA NETA

Todos os dias depois do almoço eu e a minha neta temos uma aula de português. Ela tem só seis anos e passou para o segundo ano (antiga segunda classe) e, vai entrar no segundo ano, ainda com a mesma idade, pois só faz os sete em Dezembro.
No meu tempo, teria que repetir o ano pois sem as bases primárias seria impensável passar de classe. Porém, o ensino de agora segundo me apercebi é muito diferente para pior do que aquele que eu tive.
A caligrafia é péssima e a leitura pior ainda. Comecei por lhe dar lições do livro que ela teve durante o ano mas depressa me apercebi que a escolha do professor foi a pior. Resolvi então ir procurar o livro que eu tinha dado na primeira classe que o adquiri há uns anos e dar-lhe a lição por ele.
Foi o melhor que fiz: comecei do princípio desde a letra “A” até chegar às letras miudinhas.
Neste momento, sinto orgulho pois não sendo professor soube de alguma maneira escolher o velho método que deu frutos. Agora, a minha neta já lê quase correctamente e espero que quando for para a escola, saiba tanto como os mais adiantados.
Existe uma grande diferença entre os livros de agora e os de então. Estes são mais apelativos e, em cada lição têm um fundo de moral.
Se, segundo julgo, cada professor escolhe um livro para a sua escola, então o da minha neta não teve o conhecimento de saber escolher.
As lições continuam, faço questão de a ensinar o melhor que sei e, na aulinha, não há avô nem neta.

Conde da Gardunha

terça-feira, 23 de julho de 2013

RECORDANDO

RECORDANDO

Não há muito tempo que tive de levar a minha a mulher a Castelo Branco para apanhar o autocarro que a levaria a Coimbra por solicitação de uma familiar.
A madrugada estava agradável e o sol ainda não era nado. Esperámos algum tempo até que ele chegou. Não sei de onde vinha, possivelmente da Covilhã ou Fundão. Poucas pessoas havia e, mesmo a cidade, estava ainda quase adormecida.

Chegado o autocarro e, enquanto a minha mulher se instalava, reparei numa moçoila que vinha do lado da janela. Era muito engraçada: de braços roliços e as faces faziam inveja a uma maçã camoesa.
Não me contive e atirei: olá princesa! Ela sorriu e num cândido desrespeito completo pela gramática, respondeu:  quem me dera que o sêsse! E eu, para não destoar daquele cândido desrespeito por tudo o que concerne à língua pátria, animei:  pode ser que um dia o venha a fôra.

O autocarro começou a rodar fiz adeus à minha mulher e sorri para aquele diamante a precisar de ser lapidado.
Já de regresso a casa o sol sorriu, vendo-me sorrir também. Seria um sorriso cúmplice?

CONDE DA GARDUNHA                                                                                          

quinta-feira, 18 de julho de 2013

IDA DO RICKY AO VETERINÁRIO

IDA DO RICKY AO VETERINÁRIO

Hoje, eu, a minha mulher, a minha neta, o meu cunhado e o Ricky meu companheiro fiel, fomos em excursão à cidade. A cidade, como já devem saber é o FundãoO motivo principal e exclusivo foi a consulta e vacinação do Ricky.
Fomos todos, para lhe mostrarmos a nossa solidariedade e transmitirmos o nosso sentimento de pura amizade.
Foi auscultado, medida a temperatura e apalpado desde o pescoço às partes mais íntimas e, tudo isto, feito por uma jovem linda e gentil veterinária.
Enquanto decorria a consulta pensava para com os meus botões: Este fulano tem um tratamento VIP em relação a mim quando me sirvo do Serviço Nacional de Saúde. Ora, tenho uma médica que veio da Argentina que fala num espanhol arrevesado que quando se me dirige peço sempre bis para que a possa entender porque à primeira não percebo a ponta de um corno e mesmo à segunda é entendível sofrivelmente; tem um carão e um corpanzil que me faz lembrar os vaqueiros da terra dela a galopar pelas pampas a laçar reses; foi ao cardápio e arranjou-me uma doença imaginária e que doença que me infernizou a alma durante dias e, pior do que tudo, nunca me apalpou o pescoço quanto mais o resto.
Mas, voltando à consulta do Ricky:
As vacinas que lhe deram para além da desparasitação foram a da esgana e da raiva. Ele estava na maior e até teve direito a uns biscoitos. O pior foi quando a impressora cuspiu o papel com a respectiva conta. Aí fiquei logo com esgana e pus-me logo ao fresco antes que a gentil veterinária vislumbrasse a raiva no meu olhar e viesse ameaçadora com a seringa com o respectivo antídoto.

CONDE DA GARDUNHA

São Fiel, 18 de Julho de 2013

quinta-feira, 11 de julho de 2013

UM LINDO AMOR

UM LINDO AMOR

Tenho um amor extraconjugal. Tenho a certeza que é uma paixão para a vida e, o mais curioso, é que não sinto qualquer espécie de remorso.
Fiquei enleado, enredado, preso numa teia qual insecto descuidado, desde a altura em que a vi pela primeira vez. Quem não acredita no amor à primeira vista?
O meu amor é lindo de morrer; tem uma graça natural, um olhar que cativa que vem de uns olhos esparsos, boca bem delineada que sorri ou se abre num riso aberto e franco e, os seus beijos doces deixam-me feliz: põem-me de bem com os homens e com o mundo. Têm o condão de me fazerem esquecer o que de pior tem a vida. Quando me abraça é como chegasse a um oásis depois de ter percorrido a aridez de um deserto.
E, o mais gratificante é que este meu amor é correspondido. Amamo-nos mutuamente há já mais de seis anos e nunca entre nós houve mal entendidos como é habitual entre casais. Nunca houve lugar para ciúmes, o amor está acima desse sentimento egoísta.
Mas… ─ perguntarão quem me lê─ porque raio é que este fulano está a desvendar publicamente o que deveria esconder? É que eu não poderia esconder por mais tempo este segredo sublime. O amor não se deve esconder, antes pelo contrário, deve ser cantado e gritado aos ventos.
Só mais uma inconfidência, a graça deste amor, chama-se Leonor… a minha neta.

CONDE DA GARDUNHA