AS VICISSITUDES DO CATOLICISMO
Como católico, não posso nem devo ficar indiferente a mais um escândalo provocado pelos chamados ministros de Deus. É mais um, para juntar a outros que a igreja vem acumulando através dos séculos. Lembremo-nos das Cruzadas e da Inquisição que até foi canonizada e por isso lhe chamaram santa - a Santa Inquisição.
O catolicismo está repleto de crimes e é com mágoa que o digo. Quantas vidas ceifadas, quantos martírios infligidos a povos com outras crenças? Os responsáveis pela evangelização não se limitavam a divulgar a palavra de Cristo com bonomia, com paciência, com os exemplos que o Redentor nos deixou e com convicção, sem recorrer a métodos completamente antíteses aos que o Salvador ensinou.
Referindo-me aos séculos VIII e IX era prática comum as forças castrenses entrarem nas povoações espalhando o terror matando e mutilando os não convertidos a Roma, abrindo assim caminho à força da retaguarda - o clero - que perante o resto do povo aterrado os obrigava pelo medo a aceitar a nova doutrina.
Seria esta a maneira mais correcta de pregar a Palavra? Seria este o procedimento mais condicente, para uma conversão em plena razão? Não deviam deixar que cada qual escolhesse a religião em que mais acreditasse e onde se sentisse melhor?
Depois, já quase na contemporâneidade, apareceu a famigerada, a vergonhosa, a nódoa negra do catolicismo, a verduga "Santa Inquisição". A haver o Inferno táo propagueado pela Igreja; lugar de fogo onde as almas se consomem - sem se consumirem - e a serem acicatadas constantemente por anjos demoníacos, devem por lá cirandar as almas que tomaram parte do "Santo Ofício" e entre elas a do principal sicário padre Torquemada o mais acérrimo defensor desta organização na Península Ibérica bem como as de todos os seus coniventes, os subordinados, os que tinham responsabilidades e podiam refrear mas que deram o seu aval, toda esta corja por lá devem andar a carpir todos os males que infligiram à humanidade.
Mas, o assunto que me levou hoje a escrever esta crónica, está a ser anunciado constantemente nos órgãos da comunicação mais um escândalo que atinge não só a igreja como instituição, mas também a cada um de nós católicos. A pedofilia grassa na igreja católica. Não confundamos com homosexualidade. Não venham dizer que é a mesma coisa, são procedimentos distintos. Fiquei com a boca em "Ó" de pasmo quando ouvi um alto dignitário da Igreja pretender misturar e meter tudo no mesmo saco. Quando nos sentimos comprometidos, inventamos as coisas mais bizarras.
A pedofilia podia , porventura, não ser erradicada, mas com certeza seria em muito atenuada com o fim do celibato do clero. Confesso que não sei que Papa ou que Concílio vetou o casamento. Porém, se a Igreja pretende seguir o exemplo dos apóstolos, cabe aqui perguntar: - Não seriam os apóstolos casados? Não teriam eles uma família? Então porque o clero não lhes segue o exemplo?
Aquando do Concílio Vaticano II viu-se a debandada de padres renunciando os seus votos e casarem.
Quer a Igreja conservar as paróquias em vez de, como já li, eliminar umas quantas? A solução para colmatar o défice de prelados é instituir o casamento; tão simples como isto.
É preferivel que leigos de moral duvidosa em muitos casos e sem preparação substituam os verdadeiros ministros de Deus? É por tudo isto que não é para admirar que as cerimónias religiosas tenham cada vez menos participantes.
Gostaria que um dia fosse escolhido um Papa, não idoso, e que tivesse a coragem de abrir as janelas e portas do Vaticano, para que os ares bafientos dessem lugar a outros ares mais puros c/ cheiros de modernidade e que todos cantassem aleluias porque só assim a igreja terá a força de que necessita e evitar que vá mirrando evitando que milhares de crentes desertem, para outras religiões.
Por todos estes pecados cometidos eu ergo os braços ao alto e... REBIMBA O MALHO!
