AO CALOR DA LAREIRA
Homem que hoje recordo com saudade era um ser simples, bom e com sua
filosofia.
O Ti Manel Pilatos era querido
por todos daquela localidade e nunca o vi de ânimo exaltado apesar, de por
vezes, ter sido alvo de algumas tiranias feitas pelo rapazio inconsequente e
brincalhão.
Era uma pessoa humilde de
sorriso fácil desenhado numa cara de bonacheirão onde despontava uma barba
já branca que só era rapada no fim-de-semana. Naquele tempo, como um escudo e
cinquenta centavos (1$50), pesava no orçamento daqueles que tinham fracos recursos e,
era a maioria, só nos Sábados, é que se davam ao luxo de passarem pela cadeira
do mestre Ti Zé Manteigas para a respectiva escanhoadela.O Ti Manel Pilatos segundo
creio, chegou a trabalhar dentro da mina mas, só o conheci como varredor das ruas do
lugar. Ignoro também a categoria que tinha, sequer se chegou a ser encarregado, como o era
o Ti Prata.
Porém, o motivo principal desta
crónica, foi mais para contar um episódio protagonizado por este homem e que presenciei.
Numa longínqua manhã de
Primavera, estava o meu irmão alcandorado num banco, à janela da porta da
cozinha a observar a lida dos varredores que com as suas vassouras feitas de
galhos secos e, com o cesto asado de chapa, iam recolhendo o lixo que o vazavam
para o carro de mão. Nisto, aparece o Ti Pilatos. Trazia como sempre a sua
boina preta e, como hábito, já sem o remate final situado no cocuruto; estava
passajado sabe-se lá por quem, já que nunca lhe conhecera mulher de contracto.
Parou em frente daquela
criança e disse com ar risonho: - mas que menino tão bonito! Não se conteve: chegando-se mais,
pespegou-lhe um beijo bem repenicado em cada face.
Ai, meu muito caro amigo, como foi bom ter dado aqui um pulo. Matei saudades, porque me vi levado aos tempos da nossa meninice, aos tempos desse encanto de criatura, o Ti Manel Pilatos. Deixa-me que te diga, pese a grande distância no tempo, que me separa dele, ainda consigo vê-lo, basta que cerre os olhos.
ResponderEliminarObrigado Victor, por me proporcionares tão belas viagens no tempo. És um porreiraço.
OBRIGADO PELA VISITA ZÉ. FICO FELIZ POR TE PROPORCIONAR ESTA VIAGEM NO TEMPO. QUANDO ESCREVI ESTE TEXTO LOGICAMENTE TAMBÉM POR LÁ ANDEI. APESAR DE TODOS OS CONDICIONALISMOS TENHO A CERTEZA QUE FOMOS FELIZES.
EliminarABRAÇO-TE.