REBIMBA O MALHO

REBIMBA O MALHO

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

TYLDE E THOR


TYLDE E THOR
Naquele dia do mês oitavo, o sol na sua esplendidez disparava os seus raios, para mortificação de todo o ser vivente.
Pelo meio da tarde, Tylde e os seus mais próximos, chegaram ao monte da Uña vindos não se sabe de onde.
Vinha afogueada e sedenta e, sem demora, resolveu ir banhar-se num lago delimitado pelas muralhas do Templo. Este erguia-se e aninhava-se harmoniosamente, junto ao mais arborizado monte da Uña. O templo era guardado ciosamente pelos sacerdotes Uytas que tinham também por missão além de tratar das terras envolventes, prestar bons serviços à comunidade. Detentores do saber, instruíam aqueles que os procuravam não olhando à condição social. Todos eram tratados de igual forma sendo contudo, premiados os mais aplicados no estudo.
Nesta estória entra um outro personagem de seu nome Thor que nunca ascendera a um escalão superior na hierarquia pela falta de sapiência. Thor era forte, bem-parecido e galante o que lhe valia a admiração e os favores das mulheres.
Sigamos Thor que, atento, não lhe passou despercebida a intenção de Tylde. Cauteloso como convinha, afastou-se deixando as pessoas entretidas com conversas e afazeres. Com vigorosas pernadas, facilmente venceu uma escadaria granítica seguida de uma não longa ladeira. Acobertou-se com as paredes e a densa vegetação que ladeavam o lago. Por entre esta, abriu com alguma dificuldade uma vigia que lhe ofereceu uma panorâmica do lençol de água.
Como adivinhava, Tylde, a curta distância, banhava-se voluptuosamente; maravilha das maravilhas. O coração de Thor disparou como corcel acicatado. Elevou os olhos aos deuses e agradeceu aquela ventura. Ficou estático; o tempo para ele parou. Não desfitava aquelas formas que ora emergiam ora desapareciam de seguida, só permitindo entrever para seu suplício. Mas, quem porfia… mata caça.
Apaziguado o calor que a atormentava, Tylde ergueu-se expondo ao olhar libidinoso de Thor o seu corpo na máxima beleza e pujança.
Era bela! O rosto era perfeito e sereno, a boca sensual e bem desenhada e, sobranceiro, um olhar transmissor de paz, de serenidade, embora quem nele bem atentasse, descobriria lampejos de alguma malícia, de alguma concupiscência. Era meã de estatura, pernas e ancas torneadas, barriga lisa, sem sinais de ter sido alguma vez fecundada, cintura modelada, delicada e flexível como um junco, num orgulho esbelto qual rosa mística de formosura onde um sorriso esvoaçava candidamente num reflexo de oculta ternura. Os seios tonificados e aureolados a sépia, com os bicos enristados. Parecia até que descia do acrotério, da áurea gloriosa dos templos dos pedestais das estátuas a fim de consagrar a vida e o amor.
Tylde, para alcançar as suas vestes, aproximou-se num andar coleante do sítio onde Thor estava de tocaia. No momento próprio e, com ânsias de desejo, estendeu o braço possante, puxando a si, aquele corpo belo e desnudo de fazer inveja a uma qualquer Afrodite.
A surpresa pareceu não ter sido muito vincada. Tylde resiste, mas não com muita convicção; parecia que já esperava os movimentos escusos daquele homem atraente e possante.
Fitou-o com seus olhos rasgados e sedutores, seus lábios túmidos e sensuais de bacante entreabriram-se num meio sorriso e anichou-se no peito daquele homem sedutor e possante.
Apesar da sua excitação, Thor procedeu como se nas suas mãos tivesse a flor mais rara, a flor mais delicada.
Tomo-a nos braços e levou-a para um sítio recôndito. Numa cama feita de folhame, depositou gentilmente a sua preciosa carga. Colheu flores campestres e derramou as pétalas sobre aquele corpo de epiderme morena e voluptuosa. Do ar, diluiu-se radiosa poalha de oiro que cúmplice o deus maior do amor, espargia abundantemente.
Tylde cônscia da sua nudez de açucena rutilante, ruboresceu, fremiu e sorriu com uns lábios túmidos e sensuais de bacante; foi o suficiente para chamejar o que estava latente: Thor cobriu com o seu o corpo daquela que no momento era o que mais desejava. Ela recebeu-o enlaçando-o e as bocas uniram-se. O que demorou algum tempo na conquista consumou-se em poucos minutos. Ficaram os corpos e os sentidos pazeados.
Não houve promessas nem juras, ambos tinham a consciência que aquela união se realizou por impulso do desejo e que entre eles, o amor seria inconsequente embora na memória de cada um, estes momentos vividos com intensidade, para sempre ficaram gravados. 
Thilde, mergulhou no sono, bela na sua nudez já saciada, rosto vergado, pálpebras cerradas, tronco que se enroscava, mostrava suas formas pujantes, de cujos seios robustos dir-se-ia jorrar vias lácteas resplandecentes.
Os duendes da floresta tangiam múltiplas e pequenas campainhas. Os lábios de ambos descerraram-se lentamente desenhando um sorriso de bem-aventurados.
                                                                                                           
CONDE DA GARDUNHA



1 comentário:

  1. Fabuloso este conto, Victor, Vi-me puto, a beber toda a narrativa. Foram momentos mágicos.
    Parabéns, meu caro!

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