REBIMBA O MALHO

REBIMBA O MALHO

terça-feira, 10 de maio de 2011

" SE" DE RUDYARD KIPLING


Se podes conservar o teu bom senso e a calma
No mundo a delirar para quem o louco és tu...
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê... Se vais faminto e nu,

Trilhando sem revolta um rumo solitário...
Se à torva intolerância, à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão...

Se podes dizer bem de quem te calunia...
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
(Mas sem a afectação de um santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor)...

Se podes esperar sem fatigar a esperança...
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho...
Fazer do pensamento um arco de aliança,
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho...

Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores...
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores...

Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhe deste...

Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,
Voltares ao principio a construir de novo...

Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar avante...

Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre...
Se vivendo entre os vis, conservas a humildade...
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade...

Se quem conta contigo encontra mais que a conta...
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraie em séculos fecundos...

Então, ó ser sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os tempos, os espaços!
Mas, ainda para além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos,

Pairando numa esfera acima deste plano.
Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te meu filho, então serás um homem!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

PORTUGAL ATOLADO ( IV )

PORTUGAL ATOLADO (IV)

Eis que foi chegado o dia em que a Troika nos ditou a sentença.
O nosso primeiro, o tal incôngruo engenheiro relativo, logo se apressou vir à televisão a fim de fazer um comunicado ao país. Para dizer o quê? Simplesmente para dizer que o governo - em gestão - conseguira um bom acordo e assim, tranquilizar mais os portugueses. Era o sr. Pinto de Sousa no seu melhor, hábil em vender sonhos e, os mais incautos, os tais que continuam a acreditar nas habilidades circenses deste artista acharam que a coisa afinal não era tão má como apregoavam.
Mas, o que ele revelou foi o verso da medalha ou seja o menos mau, que não seria cortado o subsidio de férias nem tão pouco o do Natal e... "parole... parole"... virtude que todos lhe reconhecemos.
Porém, o que ele, o manhoso, sabendo que com papas e bolos se enganam os tolos, escusou-se  informar o reverso dessa mesma medalha por saber que é aqui que está o busílis deste intrincado problema que o próprio criou.
O anverso meus amigos que como já todos devem ter conhecimento está repleto de sacrifícios e para muitos de graves privações inclusive a fome.
Os portugueses regredirão ao tempo  do fim da monarquia e, principalmente aos tempos da 1º. República que foi mais uma época negativa da história deste país demasiado convulsivo.
Nas minhas crónicas com o título genérico PORTUGAL ATOLADO, dizia que esta barcaça onde todos somos marinheiros, ainda o seu casco não tinha batido no fundo, eis pois que ela para nossa desgraça, já roçou as areias e o estrondo final só se sentirá quando as medidas agora impostas pela tal Troika, começarem a fazer efeito em cada um de nós. Podem já começar a enviar felicitações ao tal sr. Sócrates Pinto de Sousa, todos aqueles que ajudaram a reelege-lo. Ele e o seu ministro das Finanças tiveram a veleidade de contribuir e acentuar a situação depauperada da nação, vendendo a dívida a retalho em praça pública com juros incomportáveis, para vergonha de todo um povo que não a deles, por já a terem perdido há muito.
Se o que agora se fez, tivesse sido feito há mais tempo, evitar-se-iam os juros altíssimos da dívida vendida, as negociações com a Troika teriam sido eventualmente feitas com mais margem de manobra, todos    nós aliviaríamos um pouco mais o jugo tormentoso que nos colocaram e, evitaríamos a chacota de que somos alvos de outros países que consideramos do terceiro mundo. Quando na Internet leio depoimentos nada abonatórios sobre Portugal e os portugueses de gentes oriundas de países onde um dia imperámos, sinto vergonha e revolta. Dá-me vontade de gritar como possesso: ERGA-SE NOVAMENTE O PATÍBULO!
No fim do ano passado, na minha última crónica, onde desejava a todos os que lêem e visitam este blog que este 2011 fosse melhor, um amigo, por sinal meu homónimo, falou em Flop e sinceramente desejei que assim fosse embora interiormente não acreditasse. Afinal, os acontecimentos deram-me razão ao dizer que este ano iria ser um ano negro para a grande maioria dos meus concidadãos.
Resta-nos viver um dia de cada vez o melhor que podermos e não deixar que o desânimo nos invada, sem deixar contudo, de incriminar e recriminar os principais responsáveis pela desgraça do nosso povo.
Por tudo o que nos está a acontecer e principalmente para os incapazes, para os malsins e prepotentes... REBIMBA O MALHO


Conde da Gardunha

terça-feira, 3 de maio de 2011

PORTUGAL ATOLADO ( III )

PORTUGAL ATOLADO ( III )

Os noticiários de ontem transmitidos pela televisão, davam-nos conta do desnorte nos serviços do Hospital dos Capuchos em Lisboa.

   A fila de pessoas era interminável e consequentemente a indignação e a revolta estava bem patente na cara de quem para ali se dirigiu às três  horas da madrugada a fim de obter uma simples marcação para, uma consulta de oftalmologia.
   Os utentes clamavam e insurgiam-se contra quem em devido tempo os tinha aliciado com promessas de melhor qualidade de vida e afinal mais não fez que contribuir para mais a degradar. Pois é, - pensei para comigo -  muitos dos que reclamam irão no dia 5 de Junho, dia das eleições, pôr o voto nesses que os enganaram. Povo que elege os mesmos que lhes causou a ruína, é um povo desprovido de discernimento, estúpido e que só tem o que merece.
    A democracia foi óptima mas, só para alguns, os privilegiados, para aqueles sabedores da arte da manigância que vão engordando as suas contas bancárias. Um dos fazedores da Abrilada já veio a terreiro confessar o seu arrependimento por se ter metido nessa aventura. De facto, ao vermos a miséria a que chegámos fruto da inabilidade de sucessivos aprendizes de política, chego a pensar se não valeria mais entregarmos este torreão a uma Troika qualquer, estrangeira que fosse, só para nos aliviarem desta canga que tão pesada nos tem sido.
    Pode eventualmente esta ideia ser polémica mas, por favor não me venham com a história da Portugalidade, do patriotismo, sentimento  que há muito perdi, graças a estes politiqueiros que tudo fizeram e fazem  para, que nem sequer assome. Quanto a isto parece-me que estamos conversados.
   E o que dizer sobre o congresso do partido do sr. Pinto de Sousa engenheiro relativo? Repararam naquele chorrilar de elogios a um fulano que mais parecia ter sido o salvador da pátria quando efectivamente foi o seu coveiro? O peru saiu dali ainda mais inchado, mais opado e mais recheado de cretinices.
    A maratona começou com um discurso gaguejado em demasia, proferido por um ancião que eu sem ter nada a ver com o que se passava estava ansioso para que o homem se despachasse o mais depressa possível por ser tão deprimente.  Este senhor, como outros tantos, não soube retirar-se a seu tempo.
    O congresso pautou pelo elogio mútuo, muitos sorrisos, pancadinhas nas costas, em suma: uma festança!
    Enquanto isso, os três "magnificos" preparavam-se para fazer o trabalho que o tão elogiado engenheiro tinha por obrigação de o ter feito só que para nossa desgraça faltou-lhe o saber e mais do que isso, faltou-lhe a humildade para ouvir os seus adversários políticos e o que eles lhe  propunham. O homem realmente é muito peco na arte da governação.
    Por tudo o que vai mal e para todos aqueles que contribuíram para este estado da nação... REBIMBA O MALHO    


Conde da Gardunha