REBIMBA O MALHO

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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O MADEIRO

O MADEIRO



O   Madeiro ou Tronco também assim chamado era trazido pelo rapazio do lugar num carro puxado por uma junta de bovídeos, ao som da
concertina que acompanhavam com cânticos e, colocado no adro da igreja.
Contudo, com a evolução dos tempos os simpáticos e pachorrentos animais deram lugar ao trator com atrelado que embora chegue mais rápido, ficou com menos encanto.
A tradição manda que o Madeiro seja roubado e, se o dono tiver alguma desconfiança, facilite a missão dos rapazes fingindo nada saber, pois essa madeira servirá para aquecer aquela noite de Natal.
Por tradição, será uma noite fria de bater o dente e, o ambiente será perfeito se farrapos de neve caírem do espaço. Deus dê muita saúde e vida para quem já teve esse privilégio.
Muito antes da meia-noite, já as pessoas começam a abandonar os seus lares. Vêm encapotadas com as golas bem puxadas para cima e, as boinas ou chapéus, afundados até às orelhas. As mãos enregeladas e, se não estão no fundo dos bolsos, friccionam-se uma contra a outra ou bafejam-se. Os narizes por via de regra estão vermelhos fustigados pelo ar gélido vindo da serra coberta por manto branco. As fungadelas sucedem-se recolhendo o pingo que teima em aparecer até que por fim acaba nas costas das mãos.
O povo conforme vai aparecendo vai ficando em redor do madeiro já esbraseado. O adro está enrubescido pelas línguas de fogo que numa dança voluptuosa, vão lambendo como a acariciar e, aos poucos, vão tomando posse daqueles troncos.
Enquanto os olhares se prendem naquele bailar das chamas acompanhadas de vez em quando de miríades de faúlhas, esticam-se os braços e aquecem-se as mãos ao mesmo tempo que batem os pés no lajedo ou no chão térreo.
A garrafa da aguardente que alguém levou, anda de mão em mão, melhor dito, de boca em boca e, no final de cada emborcação, soltam um aaaahhhhh! que ela é da rija.
Os corpos vão aquecendo não só por fora mas também por dentro. As conversas animam-se, a risada é espontânea e a alegria transparece e não tarda que uma voz se solte bem alto para cantar loas ao Deus Menino que imediatamente é seguido pelos demais.

Ó meu Menino Jesus,
Ó meu Menino tão belo,
Logo vieste nascer,
Na noite do caramelo.

Alegrem-se os céus e a terra,
Cantemos com alegria,
Já nasceu o Deus Menino
Filho da Virgem Maria.

Entretanto a meia-noite chegou e o sino da igreja faz o convite para assistirem à Santa Missa, a Missa do Galo que é participada pela maioria dos presentes.




CONDE DA GARDUNHA

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