Ano Velho vs. Ano Novo
O dia está feio: frio, nevoeiro e
com chuviscos. O Dezembro reboca o ano de 2013, expirando ambos com má catadura
e a contra gosto.
Neste momento a casa está vazia. Almoço sozinho por opção. Sentado ao
meu lado, o Ricky meu companheiro, espera uma guloseima extra ração que contra
a minha vontade não lhe dou, por imposição do veterinário.
No café onde vou todas as manhãs, tive uma companhia cuja amizade é
recente, mas tenho-a como boa. Conversámos sobre diversos temas desde livros
até à música. É uma pessoa interessada e que me vai explorando do que pouco que
sei, mas que transmito com todo o prazer.
Brindámos ao novo ano com um Porto. Brindei por delicadeza já que não
sou de dar vivas ao que seja, por morte do que for.
Neste ano, todos sabemos como o passámos, para o que vem é uma
incógnita, não para os astrólogos e afins que esses têm o dom divinatório. Quantos
dos que querem ver-se livre deste que agoniza, chegarão a dar vivas ao 2015?
Eu, como um ser diferente dos demais, não me regozijo e por isso não festejo.
Morrer o ano é também morrermos um pouco.
A grande maioria não estará de acordo mas, quando comecei esta crónica, não foi com o intuito de granjear aplausos e vivórios, pois sei que não vai ao encontro das opiniões de quem, por hábito, nesta altura, faz os seus festejos, foi somente, para expressar a minha opinião que não terá eco e que vale por si somente.
Conde da Gardunha
Parece que todos estão desejosos que o ano velho se vá; faz-me lembrar
dos que também assim pensam em relação aos seus parentes idosos.
Nesta noite, a última do ano, a alegria vai extravasar – alguma, quiçá,
fingida, mas importa enterrar o defunto e festejar o nado. As bebidas
entornam-se goelas abaixo sem conta nem medida, empanturram-se até aos
gorgomilos, os gritos de boas vindas estridem, todos os sítios estão esgotados
e, alguns a preços exorbitantes e eu ser canhestro, interrogo-me por onde anda
a tão propalada crise que de tanto se falar dela nos põe depressivos.
A grande maioria não estará de acordo mas, quando comecei esta crónica, não foi com o intuito de granjear aplausos e vivórios, pois sei que não vai ao encontro das opiniões de quem, por hábito, nesta altura, faz os seus festejos, foi somente, para expressar a minha opinião que não terá eco e que vale por si somente.
Conde da Gardunha
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