FAZER ANOS
Sessenta anos!
Sete décadas já vivi...
Como passaram?! Nem as senti...
É uma bonita idade - costumam dizer -.
E quantos mais o triste fizer,
Maiores são os encómios.
Fodam-se os cretinos fazedores de ódios
Que tais aleivosias da gorja vão vomitando.
Calem-se ó arautos do desmando,
Do fingimento e do cinismo. Emudecei!
Para estes ignotos, Deus, Vosso olhar volvei,
Diz-lhes que fazer anos é envelhecer,
É a luz do existir a esmorecer,
É o corpo e a mente a caducar,
É a mente a pedir e o corpo a escusar,
Ou o corpo num clamor e a mente a destrambelhar,
É o desejo ardente e já não poder,
É ter tudo e o tudo já nada valer,
É a oferta de um corpo desnudo
Que por falta de viço ficar tartamudo.
Ter setenta, oitenta ou mais é bonita idade?
Então quero chamar-vos à puridade
E dizer-vos ó pérfidos indigentes da moral:
Fazer anos? É uma MERDA e ponto final.
Conde da Gardunha
Sessenta anos!
Sete décadas já vivi...
Como passaram?! Nem as senti...
É uma bonita idade - costumam dizer -.
E quantos mais o triste fizer,
Maiores são os encómios.
Fodam-se os cretinos fazedores de ódios
Que tais aleivosias da gorja vão vomitando.
Calem-se ó arautos do desmando,
Do fingimento e do cinismo. Emudecei!
Para estes ignotos, Deus, Vosso olhar volvei,
Diz-lhes que fazer anos é envelhecer,
É a luz do existir a esmorecer,
É o corpo e a mente a caducar,
É a mente a pedir e o corpo a escusar,
Ou o corpo num clamor e a mente a destrambelhar,
É o desejo ardente e já não poder,
É ter tudo e o tudo já nada valer,
É a oferta de um corpo desnudo
Que por falta de viço ficar tartamudo.
Ter setenta, oitenta ou mais é bonita idade?
Então quero chamar-vos à puridade
E dizer-vos ó pérfidos indigentes da moral:
Fazer anos? É uma MERDA e ponto final.
Conde da Gardunha
Fui surpreendido!
ResponderEliminarClaro que gosto, amigo Victor!
Não mereço a dedicatória e sinto-me honrado pela
homenagem do meu melhor amigo de infância!
Relativamente ao tema, acredita que não os sinto,
os setenta e um! Muito menos me preocupa somar
todos os anos mais um! Talvez esteja aí o segredo
de nada sentir a não ser a evocação dos ditos!
Aqui para nós que ninguém nos ouve: continuo a
sonhar como se tivesse feito os 16 ontem! E quando
a realidade me acorda "volto à infância" na mira de
almejar o que ainda não consegui, passados que
foram setenta e um anos...
Um grande abraço
António Marques