REBIMBA O MALHO

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

RECORDAR

RECORDAR

Escrevo esta crónica, para evocar duas pessoas que viveram como eu na Panasqueira.

Ontem graças à tecnologia, conversei de viva voz com o meu querido amigo Zé Loureiro para mim sempre Zé Marques. Nessa conversa veio à baila o nome da ti Panchorra, nome adulterado possivelmente de Pachorra quiçá uma senhora com uma grande paciência. Ora a ti Panchorra teve dois filhos a Umbelina que segundo se constava na altura ter-se-ia perdido nas vielas do Bairro Alto e, o Guilhermino que se a memória não me atraiçoa era canalizador.
O Guilhermino era um flatuloso militante e, numa tarde de Verão, estava eu, ele e uns amigos encostados no muro que confina o edifício do cinema quando ele nos perguntou: - Quantos querem? Deixámo-nos rir antevendo o "espectáculo" e atirámos com um número. O nosso amigo deborcou-se por cima do muro, alteou o rabo e à medida que ia traqueando íamos contando em voz alta até ao número acordado.
Quando cessou a sua exibição, sentou-se e sorriu mostrando os dentes quadrados e ralos, satisfeito pela missão cumprida.
Este amigo, tinha uma maneira de ser muito sui generis. Lembro-me que num distante Sábado exibiram um filme uma comédia hilariante. Contou depois quem estava ao seu lado, que enquanto toda a assistência se revolvia com risadas, ele, o Guilhermino, impávido e sereno,  sequer um breve sorriso esboçou. Interrogado, respondeu que aquilo não teve piada nenhuma.
Sabem onde morava? Eu digo: Naquela carreira de casas por cima do chafariz da ti Maria Rosa e que na primeira casa vivia o Luís Relvas pessoa irascível e por isso solitário. Também o Teodorico. Sim, na Panasqueira também morou um Teodorico de seu nome completo Teodorico Penedo Borrego. (Padrinho amigo).
Sempre que me lembro deste rapazinho não consigo evitar que um sorriso aflore porque foi o único que se saiba, tinha um contracto com a Sagrada Família, aquela que morava dentro de uma caixa de madeira com uma pega e peregrinava de casa em casa. O Teodorico auto-proclamou-se sócio, da Trindade embora minoritário. Ia beneficiando das esmolas que as pessoas introduziam através de uma ranhura, embora sabendo ele, que o clérigo levava a parte de leão.
Grande Teodorico, tinhas necessidades como qualquer miúdo e, só o lesado que não a Sagrada Família se rebelou ao descobrir qual detective minucioso. Ele contribuiu para que o teu nome viesse para a praça pública. A Sagrada Família não necessitava de bens materiais e tu, adolescente, gostavas de ter no bolso uns míseros escudos, para gastares numa bugiganga que a tua mãe não podia comprar. Para que se saiba nunca condenei este rapazinho

Conde da Gardunha

1 comentário:

  1. Que grande memória, Victor! Ri a bandeira despregada.
    P...a, do que tu havias de te lembrar!? Aquele episódio do Guilhermino, neste caso, é de ouvir e gritar por mais.
    Que mantenhas essa memória e boa disposição, meu caro.
    Um abraço.

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