RETIRADO DA OBRA "O REMEXER DAS CINZAS" DE FERNANDO SERRA
Naquele tempo, o cinema foi palco de grandes espectáculos com as mais célebres figuras do mundo artístico. Hoje vou referir-me, ao grupo “OS COMPANHEIROS DA ALEGRIA”, companhia formada pelo Igrejas Caeiro de boa memória. Desta visita surgiram vários episódios dos quais retirei um da obra “ O REMEXER DAS CINZAS” da autoria de Fernando Serra. Escreve o autor:
“O URRO DA BESTA…”
Chamada ao palco para actuar, Madalena Iglésias chegou à boca de cena e sorriu. Sorriu com os mesmos olhos luminosos e sensuais que todos lhe conheciam da televisão e das revistas. Estava sumptuosa e deslumbrante naquele noite de verão de 57 ou 58. Demais, para alguns.
Olhando talvez ao mundo atrasado em que o espectáculo decorria, iludiu o busto generoso desnudado com uma elegante écharpe de rede que lhe redobrou a sensualidade. E começou, então, por brincar com a assistência advertindo-a de que “se acaso, quando estiver a cantar, virem sair da minha boca uma espécie de nuvem, isso deve-se à montanha de pó que engolimos durante a viagem”… Há perto de cinquenta anos, recorde-se, vivia-se por cá em plena “IFM” (“Idade Forte do Macadame”) e, por isso, a rede viária disponível necessariamente poeirente e intragável.
Foi então que subitamente ecoou na sala um berro animalesco vindo do meio da assistência, quebrando o êxtase de uma plateia silenciosa e fascinada.
─ “Tira o capote…”
Todos se viraram na direcção de onde deflagrara o “petardo” e logo deram de caras com um homem pequeno, meio bexigoso, de narinas dilatadas, a sorrir alarvemente ─ era um tal Carlos Carvalho, “marialva de capoeira”, “D. Juan de pacotilha”. A quem o exibicionismo grosseiro era uma esmola perdoar-se-lhe pela “boçalidade” e “indigência de espírito”, defeitos redutores do ser humano.
A Diva não se deixou intimidar. Tirando partido do estatuto de vedeta que já era, enfrentou do palco o torpedeiro e lançou-lhe com uma espontaneidade e um charme desconcertantes:
“Para pastores, capote basta!..."
E mais não disse.
Naquele tempo, o cinema foi palco de grandes espectáculos com as mais célebres figuras do mundo artístico. Hoje vou referir-me, ao grupo “OS COMPANHEIROS DA ALEGRIA”, companhia formada pelo Igrejas Caeiro de boa memória. Desta visita surgiram vários episódios dos quais retirei um da obra “ O REMEXER DAS CINZAS” da autoria de Fernando Serra. Escreve o autor:
“O URRO DA BESTA…”
Chamada ao palco para actuar, Madalena Iglésias chegou à boca de cena e sorriu. Sorriu com os mesmos olhos luminosos e sensuais que todos lhe conheciam da televisão e das revistas. Estava sumptuosa e deslumbrante naquele noite de verão de 57 ou 58. Demais, para alguns.
Olhando talvez ao mundo atrasado em que o espectáculo decorria, iludiu o busto generoso desnudado com uma elegante écharpe de rede que lhe redobrou a sensualidade. E começou, então, por brincar com a assistência advertindo-a de que “se acaso, quando estiver a cantar, virem sair da minha boca uma espécie de nuvem, isso deve-se à montanha de pó que engolimos durante a viagem”… Há perto de cinquenta anos, recorde-se, vivia-se por cá em plena “IFM” (“Idade Forte do Macadame”) e, por isso, a rede viária disponível necessariamente poeirente e intragável.
Foi então que subitamente ecoou na sala um berro animalesco vindo do meio da assistência, quebrando o êxtase de uma plateia silenciosa e fascinada.
─ “Tira o capote…”
Todos se viraram na direcção de onde deflagrara o “petardo” e logo deram de caras com um homem pequeno, meio bexigoso, de narinas dilatadas, a sorrir alarvemente ─ era um tal Carlos Carvalho, “marialva de capoeira”, “D. Juan de pacotilha”. A quem o exibicionismo grosseiro era uma esmola perdoar-se-lhe pela “boçalidade” e “indigência de espírito”, defeitos redutores do ser humano.
A Diva não se deixou intimidar. Tirando partido do estatuto de vedeta que já era, enfrentou do palco o torpedeiro e lançou-lhe com uma espontaneidade e um charme desconcertantes:
“Para pastores, capote basta!..."
E mais não disse.
Ai meu caro Fernando, o que me havias de trazer á memória, via teu irmão, o Victor! Certamente que não assisti à cena, mas é como etivesse a vê-la.
ResponderEliminarCarlos Carvalhas, não! Antes... o senhor Carlos Carvalhas. Tinha a sua importâcia no meio daí, o seu modo de intervir.
Recordo os demais "Carlos Carvalhas" que por aquelas bandas passaram, e que não tiveram acesso, a outras também "Madalenas Iglésias".
Memórias, tristes memórias...
"MARIALVA DE CAPOEIRA", "D.JUAN DE PACOTILHA" ERA EXACTAMENTE O RÓTULO ADEQUADO PARA TAL SUJEITO QUE FOI BEM CONHECIDO POR SER UM GRANDE CONQUISTADOR" DE "DONZELAS" DESPREVENIDAS, MAS ESSA DO "PASTOR" ARRUMOU-O NO SEU CANTINHO SERRANO TAL PÁSSARO DESPROVIDDO DE PENAS...ESTOU DAQUI A "VÊ-LO"...
ResponderEliminarPARABÉNS, FERNANDO, E OBRIGADO AO VICTOR, TEU IRMÃO, POR ME
PROPORCIONAR A LEITURA DESTE TEXTO DELICIOSO DE FACTOS OCORRIDOS HÁ MAIS DE 5O ANOS.
OBRIGADO, COM UM ABRAÇO,
António Marques
EU É QUE ESTOU AGRADECIDO POR TERES VISITADO O BLOGUE DESTE ESCRIBA. ESTES EPISÓDIOS E OUTROS, FAZEM PARTE DA NOSSA JUVENTUDE E QUE SABE SEMPRE BEM RECORDÁ-LOS.
ResponderEliminarABRAÇO-TE ANTÓNIO.
ORA BEM, ESTA É A MINHA ESTREIA A COMENTAR UM EPISÓDIO PASSADOS CINQUENTA E POUCOS ANOS. POIS BEM, EU DEVIA TER DOZE OU TREZE ANOS E EIS QUE NESSE BELO DIA DE VERÃO AO CAIR DA TARDE CHEGA AO LARGO DO CLUBE UM AUTOCARRO COM OS TÃO ESPERADOS "COMPANHEIROS DA ALEGRIA" CUJO MAESTRO OU MESTRE COMO LHE QUEIRAM CHAMAR, ERA O SR. IGREJAS CAEEIRO. LEMBRO-ME SE NÃO ME FALHA A MEMÓRIA DO FADISTA FERNANDO FARINHA E PARTICULARMENTE, SIM, MUITO PARTICULARMENTE DA MADALENA IGLÉSIAS... QUANDO CHEGARAM DIRIGIRAM-SE EM PRIMEIRO LUGAR PARA O CLUBE E A MADALENA E OUTROS ARTISTAS FORAM PARA A SALA DO BILHAR. A MADALENAMUITO EXAUSTA SENTOU-SE NUMA CADEIRA E SÓ PEDIA UM COPO DE ÁGUA FRESCA, POR FAVOR.UM COPO DE ÁGUA FRESCA POR FAVOR. FUI IMEDIATAMENTE AO BAR E DISSE AO EMPREGADO PARA LEVAR UMA GARRAFA DE ÁGUA Á MADALENA O MAIS DEPRESSA POSSÍVEL, MAS, RAPAZES, EU FUI ATRÁS DO EMPREGADO E A MADALENA APERCEBEU-SE QUE TINHA SIDO EU O MENSAGEIRO E ELA OLHA PARA MIM COM AQUELA DOÇURA QUE TODOS CONHECÍAMOS E DIZ : "MUITO OBRIGADO JOVEM" ACREDITEM EU FIQUEI EMBASBACADO, NÃO CONSEGUIA ARTICULAR PALAVRA, SÓ ACENEI COM A CABEÇA. A BELEZA DA MADALENA ALI A DOIS METROS DE DISTÂNCIA ESTONTEÁVA-NOS A CABEÇA E EU SÓ TINHA 12 A TREZE ANOS... VEJAM BEM... E ELA TINHA UM DECOTE MUITO GENEROSO... IMAGTNEM COMO EU ME SENTIA...ATÉ TREMIA COMO VARAS VERDES....
ResponderEliminarESTA FOI REALMENTE UMA HISTÓRIA DOS ANOS CINQUENTA.
E, SOBRE O PERSONAGEM "O URRO DA BESTA" TAMBÉM TENHO DUAS HISTÓRIAS PARA CONTAR MUITO PITORESCAS E ASSAZ SAGAZES, MUITO PRÓPRIAS DO PERSONAGEM EM CENA. MAS, PENSO QUE ESTE NÃO É O LOCAL MAIS ADEQUADO PARA NARRAR OS EPISÓDIOS. OPORTUNAMENTE CONTAR-VOS-EI.