A INTERNET
Durante todos estes anos consecutivos que
vagueio pela Internet, (salvo o ano passado que estive ausente meio forçado,
meio deliberado), não foi difícil chegar à conclusão do seguinte: A Internet proporcionou
a democratização do disparate; basta navegar pelas notícias on-line e ler os
comentários publicados por críticos atentos e venerandos para nos apercebermos que de facto a
democratização do disparate está sem
apelo nem agravo institucionalizado.
Muitos likes numa publicação é, para alguns,
sinal do nascimento de um génio mesmo que seja useiro e vezeiro na asneira do
“devia de”.
Um conhecido apresentador de um dos
canais com maior audiência disse há
poucos dias, no seu programa, com cara de pessoa púdica e entendida que o Facebook
era uma latrina. Não concordo em absoluto com tal afirmação. Que há opinantes e
“críticos” empregando termos cloacais, é verdade e, alguns por léxico diminuto,
empregam as palavras mais impróprias e até lesivas que se os visados tivessem
conhecimento podia sair-lhes bastante caro. Dizem nas redes sociais o que não
diriam de cara a cara. Mas não podemos como em tudo generalizar.
Mas a Internet tem muito mais que se lhe
diga: todos os dias aparecem novos sites
dos mais diversos teores. Uns perduram
durante anos chegando a idades provectas ao passo que outros têm uma vida efémera.
Tenho observado que entre os duradouros estão os que versam a poesia e de vez
em quando lá aparece mais um e o respectivo pedido para aderirmos. Também eu já
fui membro dessas confrarias sem que delas tirasse qualquer valia. De repente
todo o mundo desatou em ser poeta como se o fosse quem quisesse. A versalhada,
chovia em catadupa e tão medíocre era que a desesperação abarcava-me, era a desistência! Para me purgar de tal efeito
nefasto tinha que me escudar nos meus velhos conhecidos: o baixinho Junqueiro,
o bondoso João de Deus, ao santo Antero (como lhe chamava o Eça) ou até ao Eugénio
de Castro e reler aquele lindo poema que fez ao seu anel. É de génio. Não
necessito por isso de luras de acolhimento.
Enfim, a grande maioria dos poetas da net
publicam com desfaçatez resmas de escritos a que chamam poesias e que serve somente para azucrinarem o juízo dos
desprevenidos.
Em vez de maus artesãos melhor andariam se se tornassem bons
clientes de quem sabe da arte.
E para os poetastros e só para eles REBIMBA O MALHO
São Fiel, 3 de Junho de 2016
CONDE DA GARDUNHA
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